O varejo é um dos setores mais afetados pela pandemia da covid-19. Fabio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) calcula que a perda acumulada desde fevereiro de 2020 é de R$ 873,4 bilhões.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Bentes diz que há diferenças entre os diversos segmentos que compõem o setor. Supermercados, produtos alimentícios e bebidas, por exemplo, tiveram ganhos. Já os segmentos de equipamentos, materiais para escritório, informática, tecidos, vestuário e calçados registraram fortes perdas.
A previsão da CNC é que as vendas do setor, de forma geral, cresçam 4,5% em 2021. Se a alta for concretizada, será a maior taxa em 9 anos. No entanto, Bentes ressalta que esse aumento é sobre uma base fraca.
Giovanni Cordeiro, economista-chefe da Deloitte, avalia que o cenário será positivo no Brasil – em especial a partir de outubro, quando mais pessoas estarão vacinadas contra a covid-19. Ainda assim, setores como turismo e eventos devem registrar uma retomada mais lenta.
De acordo com Cordeiro, “o nível de endividamento de várias empresas cresceu”. Ele cita relatório do BIS (Banco de Compensações Internacionais) que prevê período de 2 anos para que empresas de países emergentes fortemente impactados pela pandemia quitem suas dívidas.
O BIS calcula que as empresas brasileiras mais endividadas terão de dedicar 45% do lucro líquido para o pagamento de dívidas. Cordeiro analisa que o Brasil terá um período de ajuste. A alta taxa de desemprego, segundo ele, vai dificultar a recuperação das empresas, uma vez que diminui o poder de compra da população.
E-commerce forte
Um setor que se destacou ao longo da pandemia foi o do comércio on-line. O e–commerce “ganhou uma participação que não vai devolver mesmo após a pandemia”, afirma Pedro Renault, economista do Itaú Unibanco.
Segundo o relatório da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), realizado em parceria com a Neotrust/Compre & Confie, 42,9 milhões de pessoas realizaram compras on-line em 2020 no Brasil. Quase metade desse público (47%) era de clientes de 1ª viagem. Só no último trimestre de 2020, o e-commerce cresceu 51,4%, movimentando R$ 86,4 milhões.
De acordo com Renault, essa realidade mudou a logística das empresas, que antes mantinham grandes centros de distribuição fora dos maiores centros urbanos.
“Agora as empresas buscam terrenos dentro das cidades e atuam com o chamado ‘last mile’, que é a entrega com um caminhãozinho na porta do cliente”, afirma.