Em contraste com o registro de altos níveis de incerteza, indicadores de confiança elaborados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) sinalizam recuperação nos índices. O mais relevante dos levantamentos preliminares de confiança está no fato de que foram apurados em 15 de junho, ou seja, têm grande atualidade, refletindo melhor os primeiros efeitos da flexibilização da quarentena, que beneficiam mais os segmentos de indústria e comércio. As expectativas são melhores do que a situação corrente.
Em relação ao final de maio, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) da FGV registrou alta de 14,5 pontos, para 80 pontos, sendo 100 o divisor do nível positivo e do nível negativo. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 8,9 pontos, para 71 pontos. Como nota a economista Viviane Bettancourt Senna, “a prévia das sondagens de junho sinaliza uma aceleração do movimento de recuperação da confiança perdida no bimestre março-abril”.
A economista da FGV acrescenta: “Embora ambos os índices continuem baixos em termos históricos, houve descolamento entre a confiança de empresas e consumidores. Houve melhora das expectativas empresariais em relação aos próximos meses, sob influência da anunciada flexibilização de medidas restritivas em diversos Estados brasileiros. Já os consumidores se mostram ainda insatisfeitos com a situação presente e desconfiados quanto a possíveis melhoras no curto prazo”.
O comércio recuperou em junho 60% da confiança perdida no bimestre março-abril, calcula a consultoria LCM. A indústria recuperou 47%; os serviços, 45,3%; e os consumidores, 43,2%. O resultado mais fraco foi o da construção, que retomou 30,9% da confiança.
A recuperação do setor de serviços é significativa, mas não se deve esquecer de que foi a mais intensa entre os vários segmentos de atividade dada a quase paralisação de áreas como turismo, lazer, alimentação fora do domicílio, salões de beleza e academias.
A melhora decorrente da redução dos níveis de isolamento social deve ser acompanhada com cuidado, pois novos casos de pessoas atingidas pela covid-19 continuam muito elevados e o risco de uma segunda onda da pandemia não pode ser descartado. Estes são fatores determinantes da intensidade da retomada econômica, se esta se confirmar.
Fonte: Estado de São Paulo