País ocupa a 61ª colocação, à frente apenas de Venezuela e Mongólia; resultado aponta perda de espaço no cenário competitivo internacional
O tímido crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2017 está longe de ser suficiente para que o Brasil volte a ser um mercado competitivo. O Índice de Competitividade Mundial 2017, divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD), e pela Fundação Dom Cabral (FDC) aponta para uma queda de quatro colocações do Brasil no ranking.
Atualmente o país ocupa a 61ª colocação, à frente apenas da Mongólia (61ª) e da vizinha Venezuela (63ª). Desde o início da série histórica do estudo, em 1989, o melhor resultado do Brasil foi em 2010, quando chegou à 38ª colocação. De acordo com o IMD, o resultado consolida uma tendência gradativa de perda de espaço no cenário competitivo internacional — em sete anos, o país caiu 23 posições.
“Em comparação a 2010, ano em que ocupou a sua melhor posição (38ª), o Brasil apresentou uma perda de aproximadamente 10% em competitividade. A queda apresentada em 2017 não é apenas relativa, mas também absoluta se observada no longo prazo”, explica um dos autores do estudo, o professor Carlos Arruda, da FDC.
O Brasil obteve, na atual edição, 55.829 pontos no índice agregado de competitividade, o que representa um avanço de 4.153 pontos em relação a 2016. O aumento, entretanto, foi insuficiente para gerar avanços no ranking geral. Por outro lado, a queda foi influenciada pela inclusão de mais dois países no ranking: Arábia Saudita (36ª) e Chipre (37ª).
Confira aqui a tabela com todos os países.
Critérios
O levantamento considera quatro aspectos para mensurar a competitividade de um país: Desempenho da economia, Eficiência do governo, Eficiência empresarial e Infraestrutura. Cada um desses critérios é subdividido, totalizando 20 subfatores.
O único fator que não apresentou retração foi Eficiência empresarial, onde o Brasil ganhou duas posições. Os mais problemáticos foram Desempenho da economia e Infraestrutura, com quedas de 4 e 5 posições, respectivamente. O fator Eficiência do governo, por sua vez, ocupa a penúltima posição.
“O subfator emprego também gerou perdas ímpares para a competitividade brasileira. A queda de 23 posições é explicada devido ao aumento do desemprego – que foi do 27o para o 50o lugar – com um valor de 12,43% da população economicamente ativa. Ainda assim, o Brasil ainda mantém um bom índice de empregados e figura em quinto lugar devido ao tamanho do mercado de trabalho em termos absolutos”, explica o professor Carlos Arruda.
Década perdida?
O problema é conjuntural e tem origem na crise política e econômica que o país atravessa, alega Arturo Bris, professor do IMD. O mesmo fenômeno ocorre com Venezuela e Ucrânia. “É esperado que esses países ocupem estas posições por tudo o que acompanhamos nos noticiários sobre as questões políticas atuais. Mas essas questões estão na raiz da má eficiência dos governos, e isso diminui as posições no ranking”, enfatiza.
“O Brasil precisa de cuidados”, alerta Arruda. “Mas em um contexto político abalado e extremamente incerto, é um desafio mover pessoas e recursos em prol de um projeto de nação. Sob um olhar crítico, temos uma carga de entraves históricos aliada a uma nova carga política e institucional cujo resultado ameaça, como em 1980, encaminhar a economia brasileira para uma década perdida. Este relatório tem por objetivo discutir condições de reverter esse cenário”, completa.
Fonte: Administradores.