A economia brasileira deve crescer 0,9% em 2019, em vez de 0,8%, conforme projeção do Banco Central (BC) contemplada no Relatório de Inflação (RI) divulgado nesta quinta-feira. O documento incorpora os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o segundo trimestre do ano e o conjunto de informações disponíveis até o último dia 13, data de corte da publicação.
“O resultado melhor que o esperado para o PIB do segundo trimestre de 2019 favoreceu o carregamento estatístico para o ano corrente, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual”, explica o BC.
A nova projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) considera ritmo de crescimento “ainda lento no terceiro trimestre, em linha com indicadores coincidentes divulgados até o momento, e aceleração no quarto trimestre, para a qual deve contribuir o impulso das liberações extraordinárias de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (Pis)/ Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público (Pasep)”.
Do lado da oferta, a previsão para a variação anual da agropecuária passou de 1,1% para 1,8%, “revisão compatível com o resultado mais recente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, que aumentou a estimativa de safra para alguns produtos com elevada participação no valor adicionado da agricultura, como soja e milho”.
Já a projeção para a indústria teve leve redução, de 0,2% para 0,1%, com queda na estimativa para a indústria extrativa e elevação ou estabilidade nos demais setores. “A redução na projeção para a indústria extrativa, de 1,5% para -1,6%, reflete diminuição no prognóstico da Petrobras para produção de petróleo em 2019 e a expectativa de que a recuperação da produção de minério de ferro, após o rompimento da barragem de mineração em Brumadinho, ocorra de forma mais gradual”, explica o BC.
No sentido contrário, motivadas pelo aumento do carregamento estatístico após o resultado do segundo trimestre, as estimativas para a indústria de transformação e para a construção civil foram revisadas de queda de 0,3% para baixa de 0,2% e de decréscimo de 1% para avanço de 0,1%, na ordem, diz o BC. A previsão de crescimento para produção e distribuição de eletricidade, gás e água foi mantida em 2,8%.
No setor de serviços, ficou conservada a projeção de expansão de 1% em 2019. “Há, contudo, mudança relevante na composição, com aumentos nas estimativas para comércio (reflexo da ligeira melhora na previsão para a indústria de transformação e dos efeitos das liberações extraordinárias de recursos), serviços de informação, atividades imobiliárias e aluguel e outros serviços; compensados por reduções nas estimativas para os setores de transporte, armazenagem e correio, intermediação financeira e serviços relacionados e administração, saúde e educação públicas”.
Do lado da demanda, a estimativa de crescimento para o consumo das famílias foi revista de 1,4% para 1,6%, incorporando impacto da liberação extraordinária de recursos do FGTS e do PIS/Pasep.
A projeção para o avanço da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimentos, saiu de 2,9% para 2,6%, enquanto a estimativa para o consumo do governo mudou de 0,3% de alta para 0,3% de queda, repercutindo o resultado do segundo trimestre.
Para a exportação e importação de bens e serviços, estimam-se variações respectivas de recuo de 0,5% e elevação de 1,9%, em 2019 , ante projeções anteriores de 1,5% e 3,8%.
“O recuo na projeção para as exportações reflete redução no prognóstico para as vendas externas de petróleo e o aprofundamento da crise na Argentina, importante destino para bens industrializados. A diminuição na estimativa para as importações decorre do resultado abaixo do esperado no segundo trimestre”, diz o BC.
Para 2020, o BC espera crescimento de 1,8% para a economia brasileira, “ainda com elevado grau de incerteza”. “Ressalte-se que essa perspectiva está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira e pressupõe que o ritmo de crescimento subjacente da economia, que exclui os efeitos de estímulos temporários, será gradual”, diz o documento.
Do lado da oferta, as atividades da agropecuária, da indústria e de serviços devem avançar 2,6%, 2,2% e 1,4%, respectivamente. A instituição chamou a atenção para a projeção para a indústria, que reflete “expectativa de desempenho favorável de todos os setores, com destaque para a indústria extrativa, refletindo previsão de aumento da produção de petróleo e de continuidade da recuperação da produção de minério de ferro”.
Do lado da demanda, as taxas de crescimento esperadas para o consumo das famílias e para a formação bruta de capital fixo são de 2,2% e de 2,9%, respectivamente.
Em “cenário de restrição fiscal”, o consumo do governo deve registrar expansão modesta, de 0,5%, diz o BC. Por sua vez, exportações e importações de bens e serviços devem crescer 1,7% e 1,6%, respectivamente.
Fonte: Valor