O Banco Central revisou sua projeção para o crescimento da economia brasileira em 2020 de 1,8% para 2,2% no Relatório de Inflação (RI) do quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira.
O ajuste, em relação ao documento de setembro reflete a elevação do carregamento estatístico após a revisão das projeções para 2019, além de previsão de ritmo de crescimento ao longo de 2020 ligeiramente superior ao considerado no documento anterior.
“Ressalta-se que essa perspectiva está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”, destaca a autoridade monetária. A data de corte do documento considera dados divulgados ou estimativas obtidas até 6 de dezembro.
Pelo lado da oferta, as previsões para agropecuária, indústria e serviços foram revistas, respectivamente, para 2,9%, 2,9% e 1,7%, ante 2,6%, 2,2% e 1,4% no RI anterior.
“A elevação na previsão da atividade no setor primário repercute os primeiros prognósticos para a safra de 20203 e as boas perspectivas para a pecuária. Na indústria e em serviços, as elevações nas previsões foram bastante disseminadas entre atividades, repercutindo melhores perspectivas para os diversos setores da economia”, diz o BC.
No âmbito dos componentes da demanda interna, estima-se expansão de 2,3% para o consumo das famílias e de 4,1% para a FBCF, ante 2,2% e 2,9%, respectivamente, na previsão anterior. Parte da alta na previsão para a FBCF está associada a prognóstico mais favorável para a construção civil.
A projeção para o consumo do governo foi alterada de 0,5% para 0,3%, devido ao menor carregamento estatístico, após a divulgação do resultado do terceiro trimestre de 2019 para esse componente.
A estimativa para o crescimento das exportações foi revista de 1,7% para 2,5%, enquanto a projeção para as importações passou de 1,6% para 3,8%. O aumento na previsão para as exportações está associado, entre outros fatores, a elevações nas estimativas de crescimento da produção agropecuária e extrativa mineral, setores voltados ao mercado externo.
O aumento na projeção para as importações reflete as perspectivas favoráveis para a indústria de transformação e para a formação bruta de capital fixo (FBCF), com consequente aumento da demanda por insumos, máquinas e equipamentos, bem como o aumento na projeção para o consumo das famílias. As contribuições das demandas interna e externa para o crescimento do PIB no ano estão estimadas em 2,4 pontos percentuais (p.p.) e -0,2 p.p., respectivamente.
O BC também revisou sua projeção para o crescimento da economia brasileira em 2019 de 0,9% para 1,2% no Relatório de Inflação (RI) do quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira. O ajuste, em relação ao documento de setembro reflete os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o terceiro trimestre do ano, a revisão da série histórica do Produto Interno Bruto (PIB) e as informações setoriais sobre a situação atual disponíveis até 6 de dezembro.
“O resultado acima do esperado para o PIB do terceiro trimestre de 2019 favoreceu o carregamento estatístico para o ano corrente, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual. Para o crescimento do quarto trimestre, destaca-se o impulso decorrente das liberações extraordinárias de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Integração Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep)”, diz o documento.
No âmbito da oferta, a previsão para a variação anual da agropecuária passou de 1,8% para 2,0%, refletindo revisão das contas trimestrais e aumento da previsão de abates, em cenário de forte elevação dos preços de carnes.
A projeção para o desempenho da atividade industrial passou de 0,1% para 0,7%, em decorrência dos aumentos nas projeções para indústria extrativa (de -1,6% para -0,4%), indústria de transformação (de -0,2% para 0,2%) e, principalmente, construção civil (de 0,1% para 2,1%), setor que apresentou crescimento significativo ao longo dos últimos dois trimestres, revertendo tendência observada ao longo dos últimos anos.
A estimativa de expansão da atividade do setor de serviços em 2019 foi ligeiramente revisada (de 1,0% para 1,1%), com destaque para elevações nas projeções para comércio (de 1,2% para 2,0%) e serviços de informação (de 2,5% para 3,5%).
Em sentido oposto, as estimativas para outros serviços e administração, saúde e educação públicas foram reduzidas para 1,2% e -0,2%, na ordem, ante projeções anteriores de 1,6% e 0,1%.
No âmbito dos componentes domésticos da demanda agregada, a estimativa de crescimento para o consumo das famílias foi revista de 1,6% para 2,0%, enquanto para a formação bruta de capital fixo (FBCF), de 2,6% para 3,3%. Ambas as alterações refletem, principalmente, crescimentos no terceiro trimestre maiores do que antecipados e revisões nas contas trimestrais.
Para a exportação e importação de bens e serviços, estimam-se variações respectivas de -3,0% e 1,7%, em 2019, ante projeções anteriores de -0,5% e 1,9%.
A alteração na projeção para as exportações reflete, em grande medida, a redução dos valores referentes ao primeiro semestre do ano, no contexto da revisão da série histórica do PIB.2 Nesse cenário, as contribuições da demanda interna e do setor externo para a evolução do PIB em 2019 são estimadas em 1,9 p.p. e -0,7 p.p., respectivamente.
Fonte: Valor Investe