As ferramentas digitais vieram para facilitar a rotina das pessoas e das empresas, dos grandes conglomerados aos pequenos empreendedores. Tornaram-se grandes aliadas no funcionamento de toda a cadeia de produção. Hoje, é impossível imaginar a emissão de notas fiscais, o atendimento ao cliente e a reposição do estoque, entre outras ações cotidianas de uma loja, sem o auxílio de alguma tecnologia.
“O surgimento de novas tecnologias afetou quase todos os setores da economia, mas um dos mais impactados, especialmente pela mudança drástica de consumo durante a pandemia, foi o varejo”, aponta Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures.
E o crescimento massivo das transações eletrônicas tem tudo a ver com esse impacto, movimento que só tende a aumentar. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google e pela Euromonitor, o e-commerce brasileiro deve crescer 42% até 2025, tornando o segmento responsável por 39% do aumento total das vendas no Varejo.
“Aqueles que nunca haviam feito sequer uma compra online testaram (na pandemia da Covid-19) e aprovaram o modelo, percebendo que há segurança e praticidade em apertar um botão e ir desde a escolha da cor do produto até o pagamento digital e recebimento no conforto de casa”, acrescenta Zanlorenci.
Tudo isso representa oportunidades de negócio para as retailtechs, empreendimentos de tecnologia da informação que desenvolvem soluções para tornar o Comércio mais produtivo e eficiente, ou seja, cria ferramentas para sanar os seus gargalos. Para Ana Paula Debiazi, CEO da Leonora Ventures, essas startups ajudam os negócios tradicionais e as plataformas de e-commerce a reduzir custos, aperfeiçoar serviços, aumentar a taxa de conversão e potencializar a exposição da marca e seus resultados. O resultado prático da adoção de tecnologias pelas empresas do setor é o aumento da receita.
“É preciso investir em tecnologia para melhorar a experiência do cliente, assim como criar programas de fidelidade e descontos para atrair e reter consumidores. As retailtechs nasceram para isso: para ajudar o varejista a dominar de vez o mundo digital, atingindo cada vez mais clientes e se ajustando ao novo modelo de consumo”, afirma Debiazi.
No Brasil, de acordo com a pesquisa Distrito Retailtech Report, em 2020, existiam mais de 600 startups de varejo no país na época. Em 2022, o setor foi o segundo que mais recebeu investimentos voltados a esse modelo de negócios, somando R$ 370 milhões, atrás apenas das fintechs.
Por que investir em tecnologia hoje?
As tecnologias podem ajudar o seu negócio a superar os desafios conjunturais. É o que afirma Júlia Terra, consultora associada de Inovação da Liga Ventures. A especialista avalia o cenário macroeconômico e diz que a saída é investir em ferramentas tecnológicas.
“Após dois anos de pandemia e eventos consecutivos como guerra, crises de energia, problemas na cadeia de suprimentos global e elevada inflação, o cenário do varejo passou de uma trajetória de crescimento para um ritmo de desaceleração. No Brasil, soma-se a esta conjuntura a elevada taxa de juros que deteriora o poder de compra dos consumidores e compromete o acesso ao crédito, o que se reflete em queda nas vendas dos varejistas, principalmente naqueles setores em que os bens não são considerados essenciais, como o de eletrodomésticos”, analisa Júlia Terra. “O quadro atual é de um ambiente bastante volátil e incerto para os próximos meses e, para se manter competitivo, o Varejo precisa investir em tecnologias que tocam em toda sua cadeia”, ressalta.
A CEO da Leonora Ventures lembra que o “ano de 2022 representou a consolidação da digitalização do setor varejista nacional, confirmando que a presença no ambiente digital é um fator fundamental para atender às novas necessidades e aos hábitos de consumo das pessoas, além de garantir a sustentabilidade do negócio”. No entanto, a executiva acredita que o segmento ainda tem um longo caminho a percorrer.
“Estamos quase na metade de 2023 e as previsões dos especialistas sobre o consumo estão sendo totalmente assertivas. Esperava-se no início do ano uma queda no consumo, e o principal setor impactado é o Varejo. Essas projeções foram feitas sob a alta das taxas de juros, o aumento do endividamento familiar, a incerteza da inflação, além da situação mundial instável com taxas de juros altas em países desenvolvidos”, lista Ana Paula Debiazi. “Esse mercado precisa se tornar mais competitivo em termos de sortimento e preços, garantindo sua sobrevivência em momentos de retração da economia, bem como aumentar a integração das lojas físicas e online”, destaca.
Confira mais alguns dados de mercado que mostram a importância de as empresas investirem em digitalização e tecnologia:
1 – Compras e tecnologia
86% dos clientes concordam que a tecnologia ajuda muito na hora de comprar algo, segundo estudo da Oppinon Box. Nesse contexto os chats on-line e os chat bots tendem a crescer, de modo a facilitar a integração com o off-line, reforçando a estratégia omnichannel. Nesse universo, os call centers devem se tornar mais especializados ou focados na resolução de questões mais complexas.
“Na NRF 2023, vimos o reforço das estratégias omnichannel e a urgência em se criar experiências imersivas, fluidas e sem fricção que atendam o cliente onde ele estiver. O comércio híbrido é uma realidade que veio para ficar e o novo consumidor quer uma jornada de compra multicanal que garanta a comodidade do virtual, mas que também o aproxime da experiência na loja física. Essa fluidez entre canais e plataformas também traz à tona a preocupação com a segurança e veracidade destas transações”, comenta Júlia Terra.
2 – Marketplaces
De acordo com o estudo da Oppinon Box, 90% dos consumidores usam os marketplaces para pesquisar antes de efetuar compras. Com isso, os varejistas podem aderir às grandes plataformas de e-commerce, onde terão oportunidade de capilarizar seus negócios e aumentar o faturamento.
3 – Entregas
Os consumidores têm exigido dos lojistas uma entrega cada vez mais rápida e em conta, e os aplicativos tornam a logística mais eficiente e barata. “Em tempos de mundo híbrido, fatores como disponibilidade de itens e tempo de entrega se tornaram críticos para evitar com que o cliente faça comparações entre os concorrentes e canais e mude a decisão de compra”, alerta a especialista em Inovação.
“Uma boa logística é outra chave primordial para o bom desenvolvimento de uma empresa. Essas startups chegam para consolidar a automação em várias etapas do processo de venda, desde o controle de desempenho de entregas, a gestão de despacho, a roteirização e a coleta, até a entrega last mile e chat bots de atendimento pós-venda”, complementa a CEO da Vellore Ventures.
4 – Social Commerce
As vendas por redes sociais ganham força, conforme levantamento da Opinion Box em parceria com a Dito: 58% dos entrevistados disseram já ter comprado algo via WhatsApp; e 40% das pessoas ouvidas afirmaram já ter comprado de uma marca, após assistir a uma transmissão ao vivo.
5 – Dados
Por meio das tecnologias para o Varejo, é possível coletar e analisar os dados dos consumidores, e a partir disso, personalizar ofertas, ampliar a gestão, unificar os canais de venda e refinar processos com dados. Além disso, a Inteligência Artificial também pode ajudar o processamento e destrinchamento dos dados, facilitando a criação de soluções frictionless de atendimento e pagamento, de gestão de estoque, rastreabilidade de produtos, roteirização e monitoramento de pedidos e delivery last-mile.
“Os varejistas vão precisar usar a tecnologia como aliada na construção de relações autênticas com seus públicos. Na economia da dopamina, promover emoções será essencial para conquistar o cliente e, por isso, a cultura data-driven no Varejo é tão imperativa. A necessidade de integrar, automatizar e trazer inteligência para as operações do segmento também ganha mais força como forma dos varejistas alcançarem mais agilidade e reduzirem custos”, conclui Terra.
Fonte: Varejo SA