Pesquisa da fintech Nexoos aponta falta planejamento financeiro entre as empresas com faturamento entre R$ 100 mil e R$ 500 milhões
Falta planejamento financeiro entre as empresas com faturamento entre R$ 100 mil e R$ 500 milhões. A conclusão é de uma pesquisa da fintech de crédito Nexoos, que mostrou que 78% dessas companhias usaram cheque especial, uma das modalidades de empréstimo mais caras do mercado, uma ou mais vezes nos últimos 18 meses.
O cheque especial é um limite de crédito pré-aprovado, ou seja, está facilmente disponível para emergências. No caso das empresas, diferentemente de pessoas físicas, é possível atrelar garantias a operações de cheque especial.
No entanto, o cheque especial é perigoso porque sua taxa de juros média era de 330,2% ao ano em setembro, segundo o Banco Central. O crédito é mais caro do que outros tipos de empréstimo, como capital de giro, nos bancos, cuja taxa média era de 15,7% ao ano em setembro, ou empréstimos entre pessoas (conhecidos como “peer to peer”), em fintechs como a Nexoos, cuja taxa média é de 35% ao ano.
Segundo a pesquisa, as empresas abusam do cheque especial para cobrir desajustes de fluxo de caixa, aproveitar oportunidades de negócio ou até investir, e muitas vezes não avaliam adequadamente as melhores linhas de crédito para tomar. Assim, a escolha do empréstimo influencia diretamente na capacidade de crescimento das empresas.
“Percebemos por esse estudo o quão necessário é educar o brasileiro financeiramente e atualizá-lo sobre as novas alternativas de crédito que o mercado oferece”, afirma Nicolas Arrellaga, sócio fundador da Nexoos.
O levantamento também mostrou que as companhias recorreram ao cheque especial durante, pelo menos, 20 dias por mês nos últimos 12 meses. Além do cheque especial, 50% das empresas usaram cartão de crédito. “O que chama a atenção é que justamente os produtos financeiros com maiores taxas de juros foram os mais buscados”, diz Arrellaga.
Para realizar o levantamento, a Nexoos checou os dados de 36 mil empresas com o Banco Central. As companhias estão espalhadas por todos os estados do Brasil e todas buscaram crédito na fintech nos últimos 42 meses.
Maior faturamento, mais cheque especial
A pesquisa também mostrou que as empresas com maior faturamento usam mais cheque especial do que as demais: entre as que faturam entre R$ 10 milhões e R$ 500 milhões ao ano, 83% usaram o cheque especial nos últimos 18 meses.
As organizações que mais recorreram a esse produto são as classificadas como Limitada (Ltda), Empresários, Sociedades Simples Pura, Sociedade Simples Limitada e Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
Cooperativas foram as que menos usaram deste recurso, representando menos de 51%, seguidas por Sociedades Anônimas Fechadas e Associações Privadas, com pouco mais de 52%.
Fonte: Valor Investe