Artigo l
Lutar pela sobrevivência do comércio é entender a importância dos empregos que gera e o seu papel na matriz produtiva do País.
É ver o varejo como um termômetro: se ele vai muito mal a ponto de manifestar sintomas como demissões em massa e encerramento de centenas de milhares de empresas, é porque a economia está em processo de falência múltipla.
Como um paciente em estado grave, o comércio precisa de cuidados emergentes e urgentes, com apoio externo, manobras de ressuscitação.
Ele não pode morrer, porque um pedaço do Brasil iria junto, com milhões de postos de trabalho formais.
Estima-se impacto da ordem de R$ 55 bilhões do comércio com a pandemia, em dez unidades da Federação, incluindo Rio, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que concentram 72,5% do volume nacional de vendas.
Atrás da força desses números há vidas em situação de fragilidade. Projeta-se a perda de 1,8 milhão de empregos entre março e maio no comércio, seguidos de uma redução de 4% a 6% no PIB nacional.
Hoje, em todo planeta, o inimigo invisível, que mata covardemente, revelou: não importa se o governo é de direita ou de esquerda, se é de ideologia liberal ou socialdemocrata, e sim que vidas é o capital que importa.
Vimos Nações de diferentes vieses ideológicos compreenderem que é necessário defender a vida, manter a ordem social e o equilíbrio econômico, tudo, ao mesmo tempo.
O Brasil, como o próprio mundo, nunca mais vai ser o mesmo depois da Covid-19. São mais de 5 mil mortes apontadas como sendo pela Covid-19, em um ambiente de subnotificações que mascara a verdadeira expressão das perdas humanas.
Eu sou de uma família que mantém há mais de 30 anos uma loja no Centro Histórico de Campos.
Presenciamos vários governos e planos econômicos, crises domésticas e globais, ameaçarem o esforço de quem trabalhou muito para gerar empregos e manter suas portas abertas.
Ver as portas cerradas dos lojistas pela força dessa crise sem paralelos é uma imagem já gravada de modo permanente em nossa memória.
A gente não vai esquecer nunca pelo simbolismo que expressa, pela história que vai ser contada.
Mas eu sei que vamos superar mais esse momento e aprender com ele, com a confiança em algo que não muda de cor, temperatura, condição.
A crença de que o trabalho é a única vacina capaz de reconstruir uma sociedade melhor para todos.
Marcelo Mérida
Presidente da Federação das CDLS do Estado do Rio (FCDL-RJ)